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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Notebooks do Google são inovadores, mas pouco competitivos


Dá para falar muito bem sobre vários aspectos do conceito do Chromebook, o notebook com sistema Chrome OS, do Google. Dá para dizer que está à frente do seu tempo, ou que seu conceito é completamente diferente do que existe atualmente. Ou que, pelo menos para um fracasso, pelo menos esse sonhou alto.
No ano passado, o Google enviou para blogueiros e jornalistas alguns notebooks CR-48, um protótipo com sistema Chrome OS. A esperança da empresa era que fabricantes de notebooks se animassem e passassem a apostar no sistema. Na semana passada, os primeiros modelos chegaram aos Estados Unidos. Entre eles está o Samsung Series 5 (US$ 500 com 3G, US$ 430 apenas com Wi-FI). Nota do editor: não há previsão de lançamento de notebooks com Chrome OS no Brasil.
Getty Images
Chromebook da Samsung: um dos primeiros com sistema do Google
Chromebook da Samsung: um dos primeiros com sistema do Google
Chromebooks dependem totalmente da internet
E então, como é esse conceito de Chromebook? Princípio 1: hoje em dia é fácil ficar online em quase todo lugar. Princípio 2: os serviços online do Google podem fazer quase tudo que programas convencionais podem, incluindo e-mail (Gmail), navegação (Chrome), chat (Google Talk), fotos (Picasa), processador de texto, planilhas, apresentações (Google Docs) e por aí vai.
Conclusão: um notebook não precisa de HD. Não precisa de programas. Não precisa de Windows ou Mas OS X. Não precisa de uma área de trabalho, pastas ou arquivos. O usuário precisa apenas ficar online, então o notebook precisa apenas de um navegador.
É uma ideia interessante. Sem HD? Isso permite criar um notebook sem partes móveis e com longa duração de bateria (cerca de oito horas). O Chromebook da Samsung tem apenas um drive SSD de 16 GB (basicamente um chip de memória, como no iPad ou no iPhone).
Sem Windows? Isso significa o fim das preocupações com vírus e spyware. Sem números de série. Sem pagamentos para a Microsoft por upgrades. Sem inicialização de dois minutos (um Chromebook faz o boot em menos de dez segundos).
Sem arquivos no HD? Isso diminui as preocupações do usuário caso o notebook seja perdido ou roubado. Também não há preocupações com backup. Basta logar a partir de outro chromebook e todos os seus software e serviços estarão lá.
Chromebook da Samsung tem design elegante
O notebook criado pela Samsung é muito bonito, e tem um design minimalista que lembra o Macbook. O teclado também é de primeira. A simplicidade do notebook é um de seus atrativos. É como um iPad com teclado (e sem tela sensível ao toque).
Getty Images
Chromebook da Samsung aposta na simplicidade
Chromebook da Samsung aposta na simplicidade
A parceria entre Samsung e Google, pode, de fato, ter ido longe demais na simplicidade do notebook. Em vez das teclas de função no topo do teclado, o S5 traz teclas para controle de volume, brilho da tela e navegação. Não há teclas de Print Screen, por exemplo.
Na verdade, não há nem tecla de Caps Lock. É muito bom que o Google queira eliminar teclas que acha que não são úteis, mas, peraí, Caps Lock? Quais serão as próximas? Colchetes? Ponto-e-vírgula? Q, Z e X?
É possível configurar a tecla de busca para funcionar como Caps Lock, mas essa opção fica muito escondida na área de configuração do notebook e não é documentada.
O notebook tem duas portas USB, uma webcam, uma saída de vídeo, uma entrada para cartões de memória e portas para microfone e fones de ouvido. Mas não tem Bluetooth, porta Ethernet, Firewire ou drive de DVD.
É muito estranho usar um computador em que tudo acontece no navegador. Se você conecta um pen drive, o conteúdo aparece em uma janela do browser. Não dá pra fechar ou minimizar o navegador, não há um desktop por trás.
No mundo real, Chrome OS deixa a desejar
Mas vamos dar uma chance a esse novo conceito. Como esse novo paradigma de notebooks criado pelo Google se sai no mundo real?
Infelizmente, não muito bem.
O primeiro princípio é que você está sempre online. Isso é importante, pois um chromebook é praticamente inútil quando offline. Não dá pra ver e-mail, ler documentos, livros ou ouvir música. Na prática, um chromebook offline é um tijolo de 1,1 quilo.
O Google afirma que uma atualização permitirá pelo menos acessar e-mail, agenda e documentos do Google Docs em modo offline e, com o tempo, mais aplicativos também suportarão essa função.
Getty Images
Chromebooks dependem totalmente da internet
Chromebooks dependem totalmente da internet
Talvez no Vale do Silício, onde moram os engenheiros do Google, você possa ficar online o tempo todo. Mas no mundo real só dá para usar o chromebook onde você possa achar uma conexão e pagar por ela, ou por meio de uma conexão 3G.
Tentei muito usar o S5 como meu computador principal, mas no fim da primeira semana quase joguei o notebook fora, como se fosse um frisbee.
Peguei quatro voos com ele. Em todos os aeroportos tive que pagar US$ 7 para usar o Wi-Fi. Três dos quatro voos não tinham Wi-Fi, e o chromebook foi inútil. No quarto vôo, o Wi-Fi custava US$ 13. Isso mesmo, US$ 13 só para conseguir ver seus documentos e fotos. Mais US$ 17 pelo Wi-Fi instável do hotel.
Serviços do Google apenas quebram galho
E quanto ao segundo princípio, de que os serviços do Google substituem os programas convencionais?
Os serviços do Google quebram o galho em tarefas básicas (não dá para usar um chromebook sem uma conta do Google). Mas e se você quiser rodar software de verdade, como Photoshop, Skype, World of Warcraft, Access? E os programas específicos que sua empresa pode exigir?
A loja de aplicativos do Chrome oferece mil programas. A maior parte é de graça. Mas a maioria dos programas também é bem simples, como aplicativos para consultar a previsão do tempo, resultados de jogos etc. Nesses casos tudo acontece online, então basicamente você está instalando um bookmark.
Segurança da nuvem em questão
Há outro problema, mais preocupante: não é meio estranho que suas fotos não estejam em um computador que você possa acessar? Se a internet cair, você não consegue acessar nenhuma das fotos.
Além disso, o Google diz que o Chrome OS é extremamente seguro. Mas atualmente há ataques de hackers a corporações praticamente toda semana, muitos deles com roubo de informações pesssoais. Empresas como Sony, Citibank, Best Buy e outras já foram alvo desses ataques.
Você realmente quer deixar a única cópia de seus arquivos mais particulares na nuvem?
Chromebooks são caros e limitados
Na verdade, considerando todas as limitações, não dá pra entender por que o notebook da Samsung é tão grande, pesado e caro. Há muitos notebooks com Windows pelo mesmo preço e do mesmo tamanho.
O conceito do chromebook poderia funcionar se os notebooks custassem US$ 180 em vez de US$ 500. Talvez faça mais sentido se eles forem alugados (estudantes e empresas podem alugar chromebooks por cerca de US$ 30 mensais). Talvez o conceito vingue no dia em que houver redes 4G de graça no país inteiro, ou seja, nunca.
Por enquanto, só dá para parabenizar o Google pela experiência audaciosa. Dá para ter um gostinho das possibilidades da internet sempre online do futuro. É legal também perceber que alguém está tentando dar uma sacudida no mercado de sistemas operacionais.
Mas a não ser que você seja muito curioso e tenha dinheiro pra jogar fora, provavelmente não deve comprar um chromebook.

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